segunda-feira, 11 de agosto de 2014

XII Passeio Rodas da Paz


Enquanto à espera de viajar, vou pedalando por aqui, na intenção de não enferrujar e, quando chegar a hora de pegar a estrada sentir dificuldade. Apesar de que atualmente é difícil eu sentir dificuldade para pedalar, mesmo que tenha passado uma noite mal dormida. A única coisa que pega é me alimentar mal.

Citando o blog da associação:
O Passeio Anual da Rodas da Paz é um momento de celebração da cultura da bicicleta, de homenagem aos ciclistas que perderam suas vidas para a violência no trânsito e de congregação dos grupos de pedal do DF.

Eu, particularmente, sou avesso a pedalar em grupos, ainda mais com milhares de participantes (cerca de 6.000 segundo a organização do evento). Mas aos poucos vou me enturmando e perdendo o medo de gente que adquiri nos últimos 10, 15 anos... Gostei muito de ter participado, foi uma boa experiência.

Bem, não tem muito o que relatar, por isso é melhor mostrar com imagens o que foi o passeio.

Concentração com amigos em Formosa, na sexta-feira...




Sérgio, filho








Márcio e Sérgio, os filhos


Rui, um português que pedala pelo Brasil...

Isso é tudo. Até a próxima.


sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Finalmente... planos!

Minha vida agora é pedalar... Desde que voltei do Oeste Paulista passo o tempo bolando rotas e roteiros. Enquanto batalho o dinheiro para a prática, vou detalhando, traçando distâncias e altimetrias, com a ajuda do google maps, buscando apoios.

Entre quatro opções, resolvi que o próximo projeto será Tordesilhas em 2 rodas. Para quem não se lembra, o Tratado de Tordesilhas dividia o mundo em descoberta, no final do século 15, entre o que caberia a Portugal e à Espanha. Definido pelo meridiano na posição 49º, aproximadamente. Seria o ponto a 370 léguas à oeste de Cabo Verde, um ponto um tanto impreciso, claro. Mas assim ficou convencionado pelo tratado entre os dois reis dos mares em 1494, a 07 de junho para ser mais preciso. Ou mais preciso ainda, dia 05 de setembro, quando foi ratificado por Portugal. E 520 anos depois, escolho esse dia para dar início a essa viagem. E espero conseguir cumprir esse calendário. O mapa mostra as diversas marcações feitas para determinar essa linha, em diferentes épocas e diferentes geógrafos. Adotei a marcação de Ribeiro, 1519, como meu parâmetro.

Um detalhe: dividi a viagem em 2 etapas separadas, Norte e Sul. Essa divisão se casa com a divisão do Brasil  feita pela Coroa Portuguesa em 1572, com o objetivo de melhor administrar uma terra tão grande. O limite que assinalaram ficava ente Ilhéus e Porto Seguro, à altura do paralelo 15 Sul, posição de Edilândia-GO, perto de Brasília. Projetei cerca de 3 meses para cada uma das etapas, pois não conseguiria pedalar 6 meses nessa rota sem passar por um período de chuvas, impraticável de pedalar. A primeira a ser feita é a etapa Sul, de Brasília-DF a Laguna-SC. Alguém interessado em ajudar, seja financeiramente ou com apoio logístico (local para pernoite e alimentação), fique à vontade, toda forma será benvinda.

A rota inicialmente está fixada assim: Saindo de Edilândia-GO, onde existe uma placa registrando o marco de passagem do meridiano, até chegar em Laguna, onde também existe um marco comemorativo.

As cidades visitadas serão: 

  • Cocalzinho de Goiás, Corumbá de Goiás, Abadiânia, Silvânia, Vianópolis, Cristianópolis, Caldas Novas e Corumbaíba (em Goiás)
  • Tupaciguara, Monte Alegre de Minas, Prata e Frutal (Minas Gerais); 
  • Icém, Nova Granada, Monte Aprazível, Buritama, Birigui, Lins, Garça, Duartina, Santa Cruz do Rio Pardo, Pirajú, Itaí, Taquarituba, Itaporanga (São Paulo); 
  • Santana do Itararé, Venceslau Braz, Jaguariaíva, Piraí do Sul, Castro, Ponta Grossa, Palmeiras, Lapa, Rio Negro (Paraná)
  • Mafra, São Bento do Sul, Jaraguá do Sul, Blumenau, Brusque, Angelina, São Bonifácio, São Martinho, Gravatal e finalmente Laguna, em Santa Catarina.
Como das viagens anteriores, o itinerário poderá ser mudado, em função das condições climáticas, principalmente em Santa Catarina onde existe um bom trecho de serras e pretendo evitar o litoral, sabidamente muito movimentada, inclusive por caminhões. No estado de São Paulo evitarei passar por cidades já visitadas anteriormente.

Se se observar ao mapa, teremos uma linha reta sentido Norte-Sul, que se situa entre os meridianos 48 e 50 graus oeste. É essa a ideia.

Reforçando: dependo muito de apoio para a realização dessa rota. Você pode ajudar adquirindo uma camisa que farei específica para este projeto, no valor de 75 reais, valor que está embutindo uma parte para pagar e camisa e outro tanto como colaboração.

Essa a ideia inicial da camisa. O logotipo de patrocinador entrará com destaque. Colabore mesmo... Cada real fará diferença. Se você  tiver uma ideia que me ajude a capitalizar, por favor, manifeste-se.

Aguardemos.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Triste realidade para nós, ciclistas

Nem tudo são flores. Domingo, mais uma vez, um ciclista morre assassinado por um motorista bêbado.

Desta vez aconteceu aqui pertinho de casa, em local que eu costumo pedalar também, o que me leva a concluir que trânsito de estradas é mais seguro que urbano. E também que essa tal de Lei Seca é mais uma lei-que-não-pegou.

Foto da revista MountainBike Brasília

Vejam a matéria aqui.

O que mais dói é o desdem e até desprezo com que todos - inclusive as autoridades - tratam esses casos, como que condenando o ciclista por estar ocupando o espaço deles, os motoristas. Assim como as mulheres vítimas de estrupo seriam as culpadas por estarem usando roupas provocantes.


quarta-feira, 18 de junho de 2014

O MOTOR DA BICICLETA


Enquanto planejo a próxima viagem, em breve, descubro boas leituras do mundo ciclista. Entre elas este ótimo artigo, do guru Antonio Olinto, publicado na revista Bicicleta:

O motor da bicicleta

Até a próxima.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

SP em 2 Rodas - Final


TEODORO SAMPAIO
Pensava que a famosa dupla sertaneja fosse dali...

Quando passei por São Manuel fiquei sabendo que Tonico e Tinoco eram nascidos na cidade e região, daí imaginava que Teodoro e Sampaio tivessem história parecida. Bem, não são filhos da cidade, trata-se apenas de uma homenagem à ela.

Pelas pesquisas que fiz antes da viagem, tomei conhecimento do Parque Estadual Morro do Diabo, que em minha imaginação ofereceria muitas subidas na estrada. Felizmente não foi assim, ufa!

Cheguei bem cansado, foram 72 km de pedal desde Mirante do Paranapanema, assim a primeira coisa que desejava era achar um restaurante. O que foi tarefa bem facilitada pela geografia da cidade: uma grande avenida que a atravessa de ponta a ponta, onde se concentra o comércio e demais centros de atividade urbana. Na verdade essa avenida, denominada Cuiabá, é a rodovia SP-613, que se inicia ali. Com o tempo foi incorporada à cidade, o que estranhei um pouco pela passagem de todo o movimento que se dirige ao Mato Grosso do Sul e oeste do Paraná, incluindo pesadas carretas.

Impressionado com esse movimento, perguntei a moradores se não são comuns acidentes graves envonvendo as carretas, e me garantiram que não, na verdade são raros. Para dar uma ideia melhor coloquei este video que fiz em minha passagem.

À noite, descansando no hotel me dei conta de ter esquecido o carregador do celular la em Mirante... saí em busca de um, mas o comércio estava de portas fechadas e não foi possível. Devido a essa mancada eu iria fazer os 82 km até Primavera/Rosana incomunicável.

Em Teodoro fiz contato com diversos ciclistas da região, sendo o primeiro o Adriano, que me colocou a par das atividades do seu grupo de pedal, que faz trilhas pela região. Prometi de um dia ir pedalar com eles... Também foi quem me indicou o Mini Hotel, onde me hospedei. Além dos ciclistas, que devido a natureza comum se mostram bastante receptivos e simpáticos, toda a população local me pareceu com as mesmas características. Talvez tenha sido esse o motivo de ter gostado muito da cidade.

Deixei Teodoro bem cedo no dia seguinte, sabendo que seria um dia difícil, pela extensão a ser pedalada, 82 kms. Em bate-papo com outros ciclistas na Carlinhos Bike fiquei sabendo que a estrada pelo Parque era tranquila, muito boa mesmo. Alívio.







ROSANA/PRIMAVERA
Para mim se tornam única, apesar dos 12 km que as separam

Esses 82 kms seriam vencidos com alguma dificuldade, não esperava. Primeiro: logo após passar o Morro do Diabo, cerca de uns 10 km à frente, caiu um toró inesperado. E como estava bem frio me assustou de verdade, ainda mais pelos raios que caíam relativamente perto. Parei em um restaurante de beira de estrada para me abrigar. Tencionava tomar um conhaque encorajador... mas não vendia nenhuma espécie de bebida alcoólica. Como era muito cedo ainda não havia comida pronta, então segui em frente, mesmo sob chuva que amenizara. Devido à umidade e ao frio intenso, temi por chegar a um ponto de hipotermia, o que poderia ser fatal mesmo... nesses momentos em que se recorre a orações, inevitavelmente, elas mostram sua eficiência: pouco a pouco a chuva foi diminuindo, o sol apareceu - um pouco fraco, é verdade - mas o suficiente para me aquecer e espantar esse fantasma.







Com a chuva, o acostamento, de terra macia e cascalhos, se revelou uma dificuldade a mais, Caiu bastante o rendimento e pensei que seria obrigado a parar na cidade de Euclides da Cunha Paulista, pela metade do caminho. Mas quando cheguei ao ponto de acesso à mesma o sol já estava forte novamente, permitindo-me seguir em frente.

Nesse trecho todo - de Teodoro a Primavera -, tentava o máximo possível ir pelo asfalto. Felizmente os motoristas (sem exceção) se mostravam amistosos e desviavam de mim com bastante segurança; assim, só saía para o acostamento quando percebia que 2 veículos se cruzariam no ponto em que eu estivesse passando, regra de ouro para quem viaja em estrada de pista simples.

Cheguei a Primavera ainda cedo, por volta das 16 h. Rapidamente me inteirei de um hotel simples para ficar, o Arco-Iris, bem no início da cidade.
Adicionar legenda
As outras bikes na foto eram de funcionários do hotel, não eram cicloviajantes...



Primavera na verdade é um distrito de Rosana. Foi construída na época da construção da Usina Hidrelétrica Primavera, uma das maiores do País, por isso é uma cidade planejada, super organizada, que lembra Brasília: setores bem definidos, separados, prática. Pretendia visitar a Usina, pois admiro esses monstros de concreto desde a infância. Porém a chuva voltou e persistiu nos 3 dias que passei aqui, frustrando meu intento.

Fui a Rosana de van, na sexta-feira. Chovia no dia e não quis me molhar todo com a única roupa de frio porque deveria voltar no dia seguinte, de ônibus, o que seria muito desconfortável. Além do mais a prefeita não se encontrava na cidade no dia e eu pretendia fotografar-me com ela, fechando assim "oficialmente" o projeto. (Confesso que me arrependi dessa decisão, poderia ter ficado por lá mais uns dias. São aqueles 15 segundos de bobeira que a gente tem por vezes na vida e toma decisões inadequadas).


Um final um tanto morno. Mas não invalida o Projeto. Concluí SP em 2 Rodas do jeito que imaginei: Norte, Centro Sul, Leste e Oeste do estado sentiram os pneus da Áquila em seus territórios. Cumpri uma meta a qual cheguei a duvidar que realizasse. Isso é o que importa.







A VOLTA
De ônibus. Rosana a Presidente Prudente e dali a Brasília

Na verdade não haveria necessidade de incluir a viagem de ônibus nesta história se não fosse um fato que me sensibilizou marcantemente. O Marcos Jr, que encontrara lá perto de Regente Feijó, me recebeu na rodoviária e cuidou de toda minha necessidade ali: foi comigo a lojas em busca de caixas de papelão para embalar a Áquila (de Rosana me aceitaram trazer ela montada, no ônibus), arrumou um local bem perto da rodoviária para eu deixar a bike e bagagem e, ainda me ofereceu sua residência para pernoite. Caiu do céu!

O pai dele, ótimo proseador, me recebeu de braços abertos, senti-me bem à vontade naquela casa. Conheci também sua noiva, a Alessandra, com quem fomos relaxar em um barzinho superagradável, o Sr. Boteco.

No dia seguinte me deixou na Rodoviária bem antes do horário do embarque, pois tinha outros compromissos que não lhe permitiam me acompanhar. Gastei esse tempo embalando a Áquila. Foi aí que notei que não precisava desmontar a roda traseira, apenas a dianteira. Fiz isso ali na área da rodoviária, sob muitos olhares curiosos. Embarquei num ônibus da Viação Motta para uma viagem de 17 horas, muito mais cansativa que os 13 dias de pedal pelo oeste paulista.
Um zé-do-caixão na rodoviária de Prudente. Curti muito.


Áquila semidesmontada e embalada. Só agora aprendi a fazer isso rapidamente...
Por do sol no Rio Tietê, em Promissão. Desculpem a qualidade, mas o ônibus estava em movimento...


Fim.