segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

São Luiz do Paraitinga - 36 cidades e pausa!

Sim, resolvi fazer uma interrupção na Grande Viagem. Está começando a estação chuvosa, que certamente iria me atrasar em muito se eu continuasse. Aproveitando as festividades de final de ano, decidi vir para Brasília e dar um tempo.

A partir da minha volta de Bananal para Taubaté, no dia 02 de dezembro, fiquei na dúvida se seguiria com a programação (iria em direção a Atibaia, Campinas e o Oeste Paulista, para chegar a Rosana, limite oeste do estado). Fiquei pedalando ali pela região de Taubaté (Pinda, Guaratinguetá e cercanias) pensando no que fazer. Surgiu então a ideia de ir a Cunha, passando por São Luiz do Paraitinga e quem sabe, lá chegando, descer para Paraty e descer pelo litoral até Ubatuba, quando então voltaria para Taubaté e seguiria para Brasília, lá pelo dia 21.

O caminho para Paraitinga é bem mais penoso do que fora para Bananal. Aqui subi até a altitude de 900 m, quando lá não chegou aos 800. Bom para me acostumar. E aqui então se fecha esse ciclo.
Saindo de Taubaté















Despedida de São Luiz de Paraitinga

Finalmente, Taubaté de volta.
Mas em Paraitinga começou a chover e me dei conta de que se iniciava o período chuvoso na região (ou melhor, no Estado e no Brasil). Isso me fez desistir, ou melhor, deixar para ocasião futura, quando o sol voltasse firme, em março ou abril. Assim, fiquei por Paraitinga durante 3 dias, voltei a Taubaté e no dia seguinte (13/12) vim para Brasília de ônibus. Merecido descanso.

E não é que, em Taubaté, quando cheguei na Rodoviária para embarcar com destino a São Paulo, me deparei com um posto do Acessa São Paulo... e assim fiz o registro rotineiro da visita. 

Final feliz. Mas voltarei. Aguardem.

RODOVIA DOS TROPEIROS - 5 cidades semelhantes, com história idem - Atualizado

A Rodovia dos Tropeiros inicia-se na Dutra e segue por 110 km até Bananal, a cidade mais ao leste do Estado de São Paulo. Faz parte da Estrada Real, que no tempo do Império ligava Minas ao litoral (Paraty), para escoamento de riquezas (ouro) e que contribuiu para o povoamento dessa região.

Os séculos 18, 19 e primeiras décadas do século 20 foram a época de glória das 5 cidades. Primeiramente como via de ligação interior-litoral e após a abolição da escravatura, voltou-se a produção de café, que foi introduzido no Brasil primeiramente nessa região. Após a glória veio um período de esquecimento e decadência, retratado principalmente por Monteiro Lobato em seu livro Cidades Mortas.

No período do café surgiram muitas fazendas riquíssimas. Hoje, o turismo move essas cidades, sendo que um dos principais roteiros é justamente a visita a diversas dessas fazendas, conservadas até hoje.

O terreno acidentado, rios e cachoeiras e caminhos diversos em terra se mostrou também um excelente atrativo para os esportes em 2 rodas: torneios diversos de moto e mountain-bike encontram aí um terreno fértil (ops, trocadilho...) para a prática.

SILVEIRAS, a de número 31. A partir do momento que deixei a Rodovia Presidente Dutra e entrei na Tropeiros, o cenário muda completamente. Sai o vale, entram as montanhas. No início pensei que iria desanimar, mas o contrário se sucedeu: cada curva apresentava novas elevações e visual, numa sucessão de paisagens semelhantes, mas distintas entre si. Em comum, o horizonte com montanhas azuis e nuvens eternas (acredito) escondendo os cumes. Uma novidade incrível para mim. Viajar de bicicleta traz essa vantagem: você vê o cenário em câmera lenta, saboreando muito mais.
Aqui o artesanato é uma constante na região. Em madeira principalmente, com destaque para as araras, conhecidas nacionalmente. Quando eu vier por aqui de carro (promessa que me fiz), levarei muito souvenir...

Uma característica dessas 5 cidades que muito me agradou é a hospitalidade e mesmo carinho dos moradores com os visitantes. Sempre me senti bastante à vontade, confortável com todos, sem exceção, fosse cidadão comum ou autoridade municipal, a simplicidade se destaca por aqui.




Uma pessoa extremamente simpática e atenciosa é a Dona Joana (Joaninha), dona da pousada onde fiquei. Local simples, familiar e de bastante conforto, por um valor que nem dá pra acreditar. Na saída tive que trocar as sapatas do freio, pois já estava totalmente gasta, afinal descer serra é um exercício que desgasta demais. Inclusive minhas mãos...

Com AREIAS, conto 32 cidades.

Dentre as 5, acho que Areias foi a que mais me agradou. Silveiras foi impactante para mim, pois há muitos anos não viajo e desconhecia ou não mais me lembrava de cidades pequenas e históricas. Arrisco a dizer que se comparam a Pirenópolis, que não conheço. Já em Areias, senti mais forte esse clima de cidade bucólica e me soltei mais, entrando em comunhão com o espírito local. Muito agradável essa sensação.

Aqui a memória de Monteiro Lobato é bastante preservada, pois ele viveu aqui como Promotor Público. Areias, como todas as 5 cidades desse roteiro, tem grande parte do turismo voltada para as fazendas que foram gloriosas no passado, hoje abertas à visitação pública e hospedagem.
Betinho CR, do Acessa SP

Em SÃO JOSÉ DO BARREIRO não me detive por muito tempo, limitei-me a entrar na cidade, almoçar muito bem no restaurante Rancho, bem na praça principal, visitar o Acessa São Paulo, que, como me dissera o Betinho CR, era o posto mais fácil de se encontrar... certamente concordei com ele, veja pela foto:

Cleidy, do Acessa
Ana Célia e Rogério, gentes finas...
...e seguir viagem, rumo a ARAPEÍ.

Arapeí segue o mesmo padrão: cidade pequena, moradores simpáticos e receptivos. Só pernoitei por aqui. A pousada fora indicada pelo Antigão, um cicloturista como eu - inclusive na faixa etária -, que lá estivera no ano anterior. (veja o link para seu blog aí ao lado...)

Visitei a Prefeitura, em cujas dependências funciona o Acessa São Paulo, onde fiquei conhecendo essa figura impar que é a Bruna, monitora. Em cada posto do Acessa fui criando uma nova amizade, das quais já tenho bastante saudades. Certamente voltarei a visitar todas essas cidades e pessoas...
Arapeí bem ali: é alto, mas eu cheguei lá...



BANANAL me aguardava no ponto mais alto dessa estrada. Enfrentei umas subidas cabulosas, nas quais mais empurrei que pedalei a Áquila, hehe...

Fiquei 3 dias na cidade, conheci pessoas as mais diversas, tendo me surpreendido com uma cearense - Maria do Socorro, pra variar - que me fez duvidar de sua origem porque era mais alta do que eu... como gostam de dizer, eles os cearenses, em toda parte do mundo se acha um. Verdade.

Bananal tem influência bem marcada do Rio de Janeiro. Lá não se fala com o R fechado igual ao das demais regiões do interior de SP (ou de Goiás). A torcida no futebol é voltada para o campeonato carioca. Isso se justifica pela proximidade com o Estado do Rio; a cidade de Barra Mansa fica a 30 km dali, promovendo assim um forte intercâmbio comercial com o outro estado. Talvez por essa proximidade, achei a cidade mais movimentada que as 4 anteriores. Pode ser impressão errônea de minha parte.

Em todas as 5 cidades, assim como em toda a região de serra, a presença de carros 4x4 é uma constante. Só perdem em número para o... Fusca!

Finalizei essa rota sentindo uma alegria diferente. O visual de relevo bem acidentado, o desafio de pedalar montanha acima, mexeram bastante comigo. Quando cheguei a Ilha Comprida, com 1.007 km completados, considerei uma etapa vencida e uma grande conquista pessoal, que vinha de encontro às minhas pretensões de renovar minha vida. Mas esses 110 kms tiveram um sabor diferente, que veio se somar ao já conquistado, aumentando minha satisfação com essa viagem, e a certeza de que VALEU A PENA!